22 agosto 2006

On why WE should protest...

MORT A LA DIFFERENCE!

By Alara Rogers

First they came for the hackers.

But I never did anything illegal with my computer,
so I didn't speak up.

Then they came for the pornographers.

But I thought there was too much smut on the Internet anyway,
so I didn't speak up.

Then they came for the anonymous remailers.

But a lot of nasty stuff gets sent from anon.penet.fi,
so I didn't speak up.

Then they came for the encryption users.

But I could never figure out how to work PGP anyway,
so I didn't speak up.

Then they came for me.
And by that time there was no one left to speak up.

***
The Pastor Martin Niemöller original said:

In Germany they first came for the Communists,
and I didn't speak up because I wasn't a Communist.

Then they came for the Jews,
and I didn't speak up because I wasn't a Jew.

Then they came for the trade unionists,
and I didn't speak up because I wasn't a trade unionist.

Then they came for the Catholics,
and I didn't speak up because I was a Protestant.

Then they came for me -
and by that time no one was left to speak up.

11 agosto 2006

Tempo

Por Adelia Prado

Mathesis

A mim que desde a infância venho vindo
como se o meu destino
fosse o exato destino de uma estrela
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca,
piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo
vão me chorar e esquecer.
Vinte anos mais vinte é o que tenho,
mulher ocidental que se fosse homem
amaria chamar-se Eliud Jonathan.
Neste exato momento do dia vinte de julho
de mil novecentos e setenta e seis,
o céu é bruma, está frio, estou feia,
acabo de receber um beijo pelo correio.
Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome

03 agosto 2006

Da primeira das "Cartas a um jovem poeta"...

The Young Poet, by Arthur Hughes
De Rainer Maria Rilke

Paris, 17 de fevereiro de 1903

Prezadíssimo Senhor,

Sua carta alcançou-me apenas há poucos dias. Quero agradecer-lhe a grande e amável confiança. Pouco mais posso fazer. Não posso entrar em considerações acerca da feição de seus versos, pois sou alheio a toda e qualquer intenção crítica. Não há nada menos apropriado para tocar numa obra de arte do que palavras de crítica, que sempre resultam em mal entendidos mais ou menos felizes. As coisas estão longe de serem todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos susceptíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte -- seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efémera.

[...] Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redactor. Pois bem -- usando da licença que me deu de aconselhá-lo -- peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar -- ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo; pergunte a si mesmo na hora mais tranquila de sua noite: Sou mesmo forçado a escrever? Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples sou, então construa a sua vida de acordo com esta necessidade.

[...] Se a própria existência quotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, essa esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações?

[...] Mas talvez se dê o caso de, após essa descida em si mesmo e em seu âmago solitário, ter o senhor de renunciar a se tornar poeta. Basta, como já disse, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo. Mesmo assim, o exame de consciência que lhe peço não terá sido inútil. Sua vida, a partir desse momento, há de encontrar caminhos próprios. Que sejam bons, ricos e largos é o que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir.

[...]

[Trad. de Cecília Meireles]

02 agosto 2006

Sailing to Byzantium

Byzantium
By William Butler Yeats
[as found on the Web, at http://www.geocities.com/Athens/5379/, in 2002/11/22]

That is no country for old men. The young
In one another's arms, birds in the trees
- Those dying generations - at their song,
The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,
Fish, flesh, or fowl, commend all summer long
Whatever is begotten, born, and dies.
Caught in that sensual music all neglect
Monuments of unageing intellect.

An aged man is but a paltry thing,
A tattered coat upon a stick, unless
Soul clap its hands and sing, and louder sing
For every tatter in its mortal dress,
Nor is there singing school but studying
Monuments of its own magnificence;
And therefore I have sailed the seas and come
To the holy city of Byzantium.

O sages standing in God's holy fire
As in the gold mosaic of a wall,
Come from the holy fire, perne in a gyre,
And be the singing-masters of my soul.
Consume my heart away; sick with desire
And fastened to a dying animal
It knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.

Once out of nature I shall never take
My bodily form from any natural thing,
But such a form as Grecian goldsmiths make
Of hammered gold and gold enamelling
To keep a drowsy Emperor awake;
Or set upon a golden bough to sing
To lords and ladies of Byzantium
Of what is past, or passing, or to come.